Santos x São Paulo, Portuguesa x Palmeiras, São Bernardo x Corinthians. Tudo no mesmo dia na grande São Paulo, com o mero detalhe de que não aconteceu nenhum jogo ontem. É pra isso que serve a inteligência da polícia, as reuniões, o planejamento do campeonato? Enfim, já que o circo foi armado, decidi ver de perto. Fui da Lapa até a Arena de trem, sozinho.
Estranhei ver poucos policiais nas estações, parecia tudo bem calmo. Mas isso mudou alguns terminais antes de Barueri, quando vários são paulinos esperavam pelo trem. Pela região, imaginei que fosse o conhecido Bonde do Beto Loco (Independente). A informação foi confirmada pelo torcedor que se sentou ao meu lado e que disse ainda estarem em cerca de 40. Em poucos segundos o clima dos últimos dois vagões da composição mudou completamente. Para "segurança", dois guardinhas da CPTM entraram e pediam para os demais passageiros descerem.
Continuei no mesmo lugar, olhando ao redor e procurando algum conhecido. Todos conversavam bastante. Muito suor e adrenalina no ar. A cada barulho diferente do lado de fora os olhos se viraram para as janelas e diminuia-se bruscamente o volume. Suspense. Várias torcidas cantam músicas bem parecidas, então era preciso mais do que algumas frases para saber quem estava lá. Antes de alcançar o Jardim Belval, bairro do estádio, decidi descer e mudar de caminho. Queria sentir mais o clima da cidade. Fui até o Terminal Barueri e peguei um ônibus. Um tiozinho puxou papo, reclamando de três garotos com camisas do Santos. "Olha, eu também sou santista, mas aqui tem que ficar esperto, né. Não pode bobear assim". Já próximo do estádio muita confusão, trânsito, flanelinhas, cambistas, vendedores. Ninguém sabia afirmar qual seria o trajeto do ônibus, nem o cobrador, porque muitas ruas estavam sendo bloqueadas. Depois disso tudo, o mais interessante é pensar que fazem reuniões, montam equipes e esquemas de segurança para os jogos, mas nada parece melhorar, nunca.
Não vou comentar sobre o jogo porque foi um tanto chato, fato comprovado pelos vários bocejos dos jornalistas ao meu lado. Nem vou falar da festa na arquibancada porque, sinceramente... cade a festa?