Após descer no metrô Barra Funda e antes mesmo de chegar na Rua Turiaçu, já me deparei com um grande trânsito nas proximidades do Palestra Itália. Era quase duas da tarde. Seria alguma caravana do interior chegando, imaginei. Quando avistei o estádio, vi uma quantidade enorme de ônibus, micro-ônibus e vans de todos os lugares, desde interior até Curitiba. No meio do mar alvi-verde, encontrei o amigo Juninho (presidente da Pork´s), que como sempre me recebeu bem e gentilmente deixou que eu acompanhasse o ônibus da sua torcida, que não é apenas um grupo de torcedores, mas uma grande família palmeirense.
Família Pork´s
O jogo começa e a polícia barra a entrada dos palmeirenses. Depois de muita espera e nenhuma explicação, algumas poucas catracas voltam a funcionar. O portão visitante do Morumbi tem mais trânsito e lentidão do que a Marginal Tietê em horário de pico. Vale deixar registrado também que em alguns pontos os ingressos eram apenas entregues diretamente na mão de funcionários do estádio, sem passar pela catraca. Depois disso tudo, mais paciência porque passar pela única e estreita entrada para a arquibancada era quase um milagre. É esse esquema que fica decidido nas reuniões com as autoridades para "organizar" os clássicos? Alguém ainda acha justo pagar 40 reais no ingresso?
Não importa quem venceu uma batalha, seja na Zona Norte da Capital ou no Interior. O maior inimigo da sua torcida "vai para a pista" todas as semanas e tem mais troféus do que qualquer outro comando, família ou bonde. Não é aquele que você espera o ano inteiro para encontrar, ele está em todo jogo, não importa o estado ou divisão. Além de tudo, tem cantado mais alto que qualquer arquibancada, mesmo lotada. Não importa o tamanho da sua caravana, quem venceu todas as últimas lutas é a torcida que tem na linha de frente uma união que não acaba: polícia violenta e despreparada, ministério público e federações estaduais de futebol.
Você pode ir para o jogo e tomar um artigo de outra torcida, mas o "alemão" de que estou falando lhe roubou as bandeiras de bambu em São Paulo e coleciona inúmeros troféus pelo Brasil: em alguns estádios não se entra uniformizado sem carteirinha da federação, em outros não se pode usar camisas de torcidas irmãs, a bebida alcoolica foi banida das bancadas, os piscas, as faixas e as baterias estão diminuindo... e por aí vai.
Sua torcida pode cantar sem parar os 90 minutos e o intervalo, mas o barulho que esses inimigos fazem dura dias e as vezes semanas na imprensa e é tão forte que ninguém nunca ouve os torcedores.
Não importa a estrutura e os bens da sua torcida, que pode até fazer caravanas de graça, porque eles sempre vão aumentar o preço dos ingressos e reduzir o espaço para os visitantes.
Tanto faz se você tem torcidas aliadas ou inimigas, todas estão perdendo essa guerra e cade a disposição de que todos falam?
Independente e Dragões da Real em ótimo número. É uma pena que hoje em dia pouco se pode levar aos estádios paulistas, pois caso contrário a festa certamente seria maior no Morumbi
*meus agradecimentos ao Juninho e todos os amigos da Pork´s que me receberam no ônibus da torcida